Filipe Albuquerque

6h de Monza

🇮🇹

17 – 18 Julho

Autodromo Nazionale di Monza

WEC FIA World Endurance Championship

United Autosports

1 º Lugar

Decidimos ir para Monza em família. Foi a primeira viagem juntos para fora do país depois da pandemia e a primeira vez que a minha filha Maria foi a uma corrida. Monza tem um carinho especial para mim: já vivi em Itália, já corri muitas vezes nesta pista e tenho muitos amigos lá, como o Emilio Radaelli que me ajudou no passado, na altura da Audi, com quem gosto sempre de estar. Continuámos sempre com uma excelente relação e eu nunca esqueço quem sempre me ajudou.

Monza é uma pista  que conheço muito bem e eu sentia-me super motivado. Vínhamos de uma vitória grande em Spa, a primeira corrida do campeonato do mundo e a ambição era ganhar outra vez.

Os treinos livres começaram muito bem, fui o mais rápido na primeira sessão e, apesar de não termos sido os mais rápidos no segundo treino livre, estávamos confiantes que a pole position era possível. Era importante fazer a volta perfeita na qualificação porque estávamos todos muito próximos uns dos outros.

Na sessão de cronometrados, um outro piloto da nossa classe teve um acidente, causou uma bandeira vermelha e este percalço trouxe estratégias diferentes de algumas equipas. Nós optámos por fazer uma volta no primeiro set de pneus e duas voltas no segundo set de pneus. Na minha primeira tentativa, estava em 4.º mas sabia que tinha mais para melhorar com o segundo set de pneus novos mas a bandeira vermelha apareceu quando fui para a pista, o que não foi ideal para a temperatura dos pneus. Ficámos prontos para tentar mais uma vez, assim que voltasse a ficar verde mas só havia tempo para uma única volta. Dei o meu melhor mas sabia que não era o ideal porque, em Monza, a segunda volta é a melhor volta dos pneus. Melhorei o meu tempo mas fiquei em 2.º, a três centésimos da pole position. Arrancar de segundo continuava a ser um excelente ponto de partida mas foi um resultado que simplesmente me magoou um bocadinho o ego. Claro que sabia que não ia afetar a corrida de 6 horas.

O Phil arrancou e fez um arranque excelente, conseguiu ir logo para primeiro e fez os seus dois turnos sempre a liderar, a conservar o carro e a poupar gasolina. Quando entrei, tivemos um pit stop que nos correu mal e caímos para 2.º.

Estava uma corrida muito renhida, o nosso andamento era idêntico ao líder, estávamos apenas a cinco segundos. O líder fez a paragem nas boxes uma  volta mais cedo do que nós e nesse preciso momento entrou um safety car. Soubemos, logo ali, que tínhamos perdido a nossa corrida. Passo a explicar: como o carro da WRT (que era o líder da corrida) já tinha feito a sua paragem, com a entrada do safety car iríamos todos reagrupar e eu ainda teria de fazer a minha paragem de 30 segundos de gasolina. Contas feitas rapidamente, o nosso carro iria ficar a 50 segundos dos nossos rivais quando  faltavam cerca de 3h30 para o fim. Felizmente para nós, eles não aproveitaram o chamado pass around (a regra do campeonato que permite passar o safety car, dar a volta  à pista  e reagrupar) e praticamente perderam uma volta. No fim do safety car, fiz a minha paragem na box e estava agora em primeiro, a liderar a prova 40 segundos à frente da WRT. Iria ser uma corrida muito renhida mas acabou por ser uma corrida fácil para nós devido ao erro de estratégia dos nossos adversários. A partir dali foi só gerir a corrida.

Além de termos ganho, ficámos também em 3.º da geral, com um LMP2. O que me deixou mais satisfeito neste terceiro à geral foi que ganhei duas taças e tinha uma para cada uma das filhas.

Foi um fim de semana espectacular de corrida, de família, aquilo que considero um fim-de-semana perfeito. Terminou num jantar com o Richard Dean, a mulher Alice, a Joana e as nossas filhas, numa mesa perto do Sam Hignet, o dono da equipa da Jota, onde já corri e que é agora nosso grande rival. As nossas filhas ficaram a brincar com a filha do Sam enquanto jantávamos, este é o outro lado das corridas.

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