Filipe Albuquerque

Laguna Seca

🇺🇸

10 – 12 Setembro

WeatherTech Raceway Laguna Seca

IMSA Weathertech Sportscar Championship

Wayne Taylor Racing

1º Lugar

Depois de Road America, onde tivemos um bom carro pra ganhar e uma boa afinação do setup do carro, já havia muita ansiedade e motivação para ir para Laguna Seca. As características de Laguna também eram vantajosas para o nosso carro. 

Ir para Laguna Seca é uma viagem longa e agora também mais dura por causa do covid, cheia de pontos de interrogação. Apanhei um vôo para Nova Iorque e, apesar de ter uma ligação grande para São Francisco, quase perdi o vôo porque fiquei retido durante 3 horas nos serviços de Imigração e controlo de passaporte (Customs), simplesmente à espera que verificassem o meu passaporte. Acabei por conseguir mas foi muito à justa. À chegada, encontrei-me com o Ricky e o Wayne em São Francisco. De manhã fomos tomar café e falámos sobre a importância de ganhar em Laguna, sobre o futuro e de como tudo nos estava a correr bem este ano. Apanhámos o Jordan Taylor no caminho e seguimos todos viagem, em família, eu como filho adoptivo, para Laguna Seca. Ainda fiz uma volta à pista a correr com o Ricky, tem sido a nossa tradição, a nossa rotina.

Fomos para Laguna com muita vontade de ganhar mas também com muita pressão. Já só faltavam 3 corridas para o fim do campeonato e a diferença entre os 3 carros mais fortes do campeonato era muito pequena, então todas as provas contavam como se fossem uma final. Sabíamos que nesta pista íamos ser competitivos e teríamos que agarrar a oportunidade de fazer a pontuação máxima, ou seja, pole position e vitória, porque a seguir viria Long Beach que é uma pista que não é tão favorável para nós.

A pista é icónica, muito escorregadia porque tem muita areia e terra solta além do asfalto. Tem um bom ritmo de volta com uma curva muito emblemática, a Corkscrew, que é mesmo muito especial quando bem feita. Tudo isto trazia ainda mais apetite e vontade de ter no cv uma vitória ali.

Nestes dias na Califórnia pude jantar com amigos das corridas, o Randy Owen, o Will Owen e o Toni Calderon, uma amizade que começou em 2016 e que continuou em 2017, quando o Will foi meu colega de equipa no ELMS. Desde então somos grandes amigos e passamos sempre um bom bocado juntos.

Para esta corrida, estava decidido que era eu que ia qualificar. Começámos os treinos livres com um carro rápido e fiz a volta mais rápida na primeira sessão. Acima de tudo, o feeling era bom. Tentámos melhorar o carro para os segundos treinos livres, fizemos umas pequenas alterações e, apesar de melhorarmos o carro, fomos os terceiros mais rápidos, a duas décimas do melhor. O interessante é que os 3 primeiros eram exactamente os nossos rivais directos, Mazda e o Cadillac #31, o que tornava a pressão para a qualificação muito maior. Estava claramente tudo em aberto.

Todos sabíamos da importância de arrancar da pole position, não só pelos pontos mas principalmente pela curva 1 de Laguna Seca ser para a esquerda e era importante  arrancarmos no interior para essa curva. Quando ía para o carro, para os cronometrados, mesmo quando ía colocar o capacete, o Wayne Taylor chamou-me. Pensei que queria dizer-me algo sem grande importância mas perguntou-me se eu sabia que a pole position dava pontos. É claro que comecei a rir. Se, até aqui, já havia pressão, passou a haver muito mais.

Acabei por fazer a volta de qualificação bastante cedo, foi uma boa volta que nos colocou em primeiro, senti que não valia a pena continuar a usar os pneus e entrei para a box. Fiquei 3 minutos num suspense inacreditável, à espera que todos acabassem as suas tentativas de pole position. Acabei por conseguir a pole, a dois centésimos de segundo do segundo carro mais rápido.

Fiz um bom arranque, de primeiro, sem grandes problemas, o carro estava muito bom. Comecei a ganhar vantagem sobre todos e cheguei a ter uma margem confortável para uma altura inicial da corrida. No segundo turno, metemos pneus novos e, quando tudo estava a correr bem, comecei a sentir dificuldades na traseira do carro e a ser cada vez mais difícil de guiar. Foi quando o engenheiro me disse que estávamos com problemas de temperatura nos travões traseiros. Isso estava a causar o sobreaquecimento dos pneus. Comecei a pensar que não íamos ganhar a corrida apesar do excelente carro. 15 voltas depois, entrei para a box e troquei de piloto com o Ricky. Neste momento, até senti pena dele porque ia ser muito difícil guiar este carro. Mas nesta paragem nas boxes, os mecânicos conseguiram perceber que o problema era apenas uma sujidade, um bocado de borracha que estava a tapar a entrada de ar dos travões. Isso ficou tratado, o carro voltou a ficar óptimo, o Ricky deu ainda mais vantagem e acabámos por ganhar com vinte segundos de avanço.

Todos na equipa ficámos muito felizes, já não ganhávamos há 3 corridas. Dito desta maneira, parece que somos uma equipa com maus resultados mas a verdade é que somos a equipa que tem mais vitórias (3). Esta nossa atitude não só mostra a nossa ambição de ganhar o campeonato mas cada corrida.

Ficámos felizes pela vitória mas também por não termos falhado, por termos agarrado a oportunidade de concretizar um fim-de-semana perfeito quando o tínhamos de fazer.

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